Fotos: Greg Strek |
Naquela manhã, Owen Oppenheimer, Marcos Hill, Pablo Lobato e eu, artistas participantes do intercambio de video artistas, Blind Spaces, nos preparávamos para uma pequena viajem a uma township, pequena comunidade afastada do centro de Durban, África do Sul. Doung Doung, nosso guia, comprava enlatados para presentear seu amigo, o escultor Henry Mshulolo, que mais tarde nos receberia em sua casa.
Nascido nas Ilhas Mauricio e descendente de Indianos, Doung Doung Jahaggher foi para Durban, África do Sul estudar aquitetura nos anos 90. Seu amor por aquela paisagem, fez dele um profundo conhecedor das ruas, dos mitos e da malandragem da maior cidade da província de Kwazulu-Natal. Doung era a peça fundamental para acessarmos a “Africa” até então encoberta por uma fina camada "plástica", que igualava Durban, ao nosso olhar estrangeiro, a diversas outras cidades pelo mundo. Sem subestimar nossos anfitriões Vaungh Sadie e Greag Streak no trato com a cidade, mas o fato de serem brancos num pais que até poucos anos antes vivia o apartheid, não facilitava o acesso as áreas Zulus. O Ranço do regime era ainda presente.
Nascido nas Ilhas Mauricio e descendente de Indianos, Doung Doung Jahaggher foi para Durban, África do Sul estudar aquitetura nos anos 90. Seu amor por aquela paisagem, fez dele um profundo conhecedor das ruas, dos mitos e da malandragem da maior cidade da província de Kwazulu-Natal. Doung era a peça fundamental para acessarmos a “Africa” até então encoberta por uma fina camada "plástica", que igualava Durban, ao nosso olhar estrangeiro, a diversas outras cidades pelo mundo. Sem subestimar nossos anfitriões Vaungh Sadie e Greag Streak no trato com a cidade, mas o fato de serem brancos num pais que até poucos anos antes vivia o apartheid, não facilitava o acesso as áreas Zulus. O Ranço do regime era ainda presente.
A pobreza vista na township e seus muitos containers de metal transformandos em casas, que pontuavam a paisagem, contrastava duramente com paisagem de primeiro mundo que a estética vitoriana imprimia na cidade mais antiga e os novos mega condomínios que aos arredores dos shopping centers e campos de golfe da cidade.
Mshulolo e sua família moravam numa casa de alvenaria com um grande quintal. Devidamente apresentados, passamos boa parte do tempo ouvindo e gravando em video suas histórias. Cadenciadas por sua voz pausada e grave, seus relatos revelavam um pouco mais do imaginário e cotidiano do povo Zulu.
Percebi durante a conversa que ele não tirava os olhos da câmera de vídeo, por gratidão resolvi enrtregar a ele a caixa preta para que ele pudesse experimentá-la. Virei a tela da câmera para frente e entreguei a ele, de modo que ele pudesse ver a si mesmo. O Sorrisso dele ao se ver na tela era como o de uma criança abrindo presentes na manhã de natal. No mesmo instante uma música doce se ouvia do lado de fora, os filhos de Mshulolo cantavam a trilha sonora para o momento perfeito.
Henry Mshulolo e Owen Oppenheimer - Foto: Greg Strek |
Percebi durante a conversa que ele não tirava os olhos da câmera de vídeo, por gratidão resolvi enrtregar a ele a caixa preta para que ele pudesse experimentá-la. Virei a tela da câmera para frente e entreguei a ele, de modo que ele pudesse ver a si mesmo. O Sorrisso dele ao se ver na tela era como o de uma criança abrindo presentes na manhã de natal. No mesmo instante uma música doce se ouvia do lado de fora, os filhos de Mshulolo cantavam a trilha sonora para o momento perfeito.
Henry Mshulolo - Foto: Greg Strek |
Prontos para deixarmos a pequena vila, entramos em Susi, modo carinhoso como o Doung Doung chamava seu fusquinha. Mshulolo seria nosso guia até a casa onde Gandi viveu em Durban. Antes de entrar no carro o escultor exitou e voltou correndo pra sua casa. Trouxe três objetos em suas mãos, duas esculturas inacabadas, presenteadas a Doung e uma espécie de rabeca que me foi dada. A escultura/instrumento toda talhada em madeira, de beleza barroca é um dos meus tesouros prediletos.
O auto retrato de Henry Mshulolo e sua reação ao si ver dentro do dispositivo foi tão incrível que a vontade de refazer experiência com outras pessoas não sairia de minha cabeça pelo resto do dia.
Depois do jantar, voltamos a B&B - Bed and Breakfast - onde estavamos hospedados. Pablo mostrava as imagens que fez das crianças enquanto elas cantavam do lado de fora da casa. Num dos takes, as crianças disputavam entre si o espaço em frente a camera, buscando ver a si mesmas no monitor, dizendo em Zulu,- Eu quero ver, eu quero ver!
A concidência não podia ser ignorada.
Propus o embrião conceitual do que se tornaria o vídeo "Artificio do Olhar". Dar as pessoas de Durban a possibilidade de ver a sí mesmas atráves da camera. Quebrando o mito de que a tela do video era algo inalcançável, destinado a poucos eleitos.
O Processo colaborativo levou alguns dias. Fechamos o conceito final, escolhemos os lugares, personagens e por fim as gravações. Por um tempo pensava numa instalação com duas telas, uma exibia os auto-retratos feitos pelos personagens e outra com a paisagem onde eles estavam inseridos, feita por nós dois, Na volta ao Brasil, depois de muita convesas e outras muitas horas de ilha Pablo acabou por me convencer pelo formato documentário.
A concidência não podia ser ignorada.
Crianças cantando - Fotos: Greg Strek |
Propus o embrião conceitual do que se tornaria o vídeo "Artificio do Olhar". Dar as pessoas de Durban a possibilidade de ver a sí mesmas atráves da camera. Quebrando o mito de que a tela do video era algo inalcançável, destinado a poucos eleitos.
O Processo colaborativo levou alguns dias. Fechamos o conceito final, escolhemos os lugares, personagens e por fim as gravações. Por um tempo pensava numa instalação com duas telas, uma exibia os auto-retratos feitos pelos personagens e outra com a paisagem onde eles estavam inseridos, feita por nós dois, Na volta ao Brasil, depois de muita convesas e outras muitas horas de ilha Pablo acabou por me convencer pelo formato documentário.
Nas gravações, as reações das pessoas era bem diversificadas, mas uma constante interessante foi de como alguns entrevistados ao se verem na tela assumiam uma postura auto-confiate. Ver a si mesmo num dispositivo até então inatingivel, transformava mesmo que por um isntante, a realidade daquelas pessoas. Mas esse relato fica pra depois.
Joacélio Batista e Pablo Lobato / Artifícios do Olhar
655 from JOACELIO BATISTA on Vimeo.
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