domingo, 10 de abril de 2011

Mister, Mister!!!




Curiosas e desconfiadas, as crianças me seguiam pelas vielas estreitas das vilas que formam a localidade de Jatiwangi na Indonésia. Me sentinha como um amalgáma de extra-terrestre com celebridade, com tantas miradas em minha direção. 

As mais desinibidas ao se aproximar diziam? - Mister, Mister!! Photo, Photo! 

Diante da lente da camera,as crianças se agrupavam umas as outras, tal formação era uma tática de defesa natural. O que não prejudicava o charme e as poses extrovertidas capturadas pelo diafragma da camera.

O artista local  que me acompanhava Rangga Aditiawan diminuia a distancia oceanica entre os nossos idomas, Ele as convencia a chegarem mais perto para ver a sí mesmas através do visor da camera. Sorrisos tímidos e olhares atentos, as meninas e meninos da vila buscavam a si mesmo no ecrã. 

Quando dizia, "muito obrigado" em Indonésio - Terimah Kasi! - Elas sem piscar, corriam novamente para uma distância confortavel de observação. 

 As indas e vindas pelos passeios estreitos entre as casas Jatiwangi, sempre acompanhado por esses encontros, renderam vários momentos que compartilho nas fotos abaixo.












segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sismógrafo - Produção Audiovisual Mineira


Queridos amigos, gostaria de convidar a todos para exposição Sismógrafo, que ficará exposta na Galeria Alberto da Veiga Guignard - Palácio das Artes de 06 de abril há 8 de maio. A curadoria é de Jacopo Crivelli Visconti. 


Apresentarei os videos: Bucólica I e II no espaço de exposição, assim como, Entre o terreiro e a cozinha,  Se me pergunto, porque meus lábios me negam respostas? e Bolívia te Extrãno, produzido em processo colaborativo, com meu amigo e importante videomaker em Belo Horizonte, Dellani Lima, que estarão em exibição nas salas de retrospectivas e arquivo. Apareçam. 


Abaixo segue o texto curatorial.


Sismógrafo, como sabido é um aparelho, é o aparelho que registra  as ondas sísmicas. Através de um ou vários sismógrafos, portanto, é possível determinar com razoável exatidão o epicentro e a intensidade de um terremoto, traçar, isto é, o gráfico de um território em movimento.  Analogamente, o que a exposição sismógrafo propõe é um retrato da produção audio visual mineira dos últimos anos.  Retrato, Diga-se de passagem, parcial e fugaz, como convém a uma mostra de vídeo, mas que revela de maneira inquestionável a vitalidade, a riqueza e a intensidade dessa produção, Sem dúvida a de maior destaque do panorama nacional.


Coerentemente com esse desejo de mapear o território, a exposição se constitui em três blocos complementares:


- O arquivo: Autêntico epicentro da mostra, coração pulsante de onde o movimento irradia, o arquivo visa oferecer ao público leigo e principalmente a artistas e pesquisadores, a oportunidade única de mergulhar na produção audiovisual local. Os visitantes terão a possibilidade de escolher e ver, ou rever, vídeos mais e menos recentes de aproximadamente quarenta artistas, entre os mais destacados do panorama mineiro. Ao todo, o arquivo, de caráter quase acadêmico, deverá disponibilizar ao público mais de cem trabalhos.


- As retrospectivas: em duas salas especificamente concebidas, com ótimas condições de exibição, será mostrado a cada dia um conjunto de vídeos de um(a) artista, escolhidos entre os com uma produção audiovisual mais consolidada. Serão entre dez e vinte artistas, de quem o público poderá ver, em dias distintos ao longo da duração do projeto Sismógrafo, alguns dos trabalhos mais representativos, escolhidos em conjunto pelo curador e pelos próprios artistas.


-  A exposição: de cunho forçosamente mais subjetivo e autoral, construída a partir de relações inspiradas pelo próprios trabalhos, a exposição constitui a ponta do iceberg do projeto sismógrafo. Se alguns dos trabalhos aqui incluídos pode ser considerados verdadeiras obras-primas da recente produção audiovisual mineira, a ambição dessa seleção é ser lida como autenticamente metonímica, isto é, ao invés  de construir um bloco fechado, sua função é apontar para o conjunto do qual emerge.




Artistas participantes:


Alexandre B.,
Angelo Marzano,
André Hallak,
Ariel Ferreira,
Camila Buzelin,
Cao Guimarães,
Carlosmagno Rodrigues,

Cinthia Marcelle,
Clarissa Campolina,
Daniel Hertel,
Dellani Lima,

Eder Santos,
Eduardo Salvino,
Hélio Lauar,
Helvécio Marins Jr.,
Henrique Roscoe,
Isabela Prado,
Joacélio Batista,
Laura Belém,
Leonardo Barcelos,
Louise Ganz,
Lucas Dupin,

Mabe Bethônico,
Marcellvs,
Marco Paulo Rolla,
Marilá Dardot,
Marta Neves,
Matheus Rocha Pitta,

Niura Belavinha,
Paulo Nazareth,
Pablo Lobato,
Rivane Neuenschwander,
Roberto Bellini,
Rosângela Rennó,
Sara Ramo,

Solange Pessoa,
Sônia Labouriau,
Thiago Rocha Pitta.



Serviço
Evento: Exposição Sismógrafo
Data: 06 de abril a 08 de maio
Horário: terça-feira a sábado das 9h30 as 21h , domingo de 16h as 21h
Local: Galeria Alberto da Veiga Guignard
Entrada franca
Informações:
 (31) 3236-7400

domingo, 3 de abril de 2011

Artesões do Olhar


Fotos: Greg Strek

Naquela manhã, Owen Oppenheimer, Marcos Hill, Pablo Lobato e eu, artistas participantes do intercambio de video artistas, Blind Spaces,  nos preparávamos para uma pequena viajem a uma township, pequena comunidade afastada do centro de Durban, África do Sul. Doung Doung, nosso guia, comprava enlatados para presentear seu amigo, o escultor Henry Mshulolo,  que mais tarde nos receberia em sua casa.

Nascido nas Ilhas Mauricio e descendente de Indianos, Doung Doung Jahaggher foi para Durban, África do Sul  estudar aquitetura nos anos 90. Seu amor por aquela paisagem, fez dele um profundo conhecedor das ruas,  dos mitos e da malandragem da maior cidade da província de Kwazulu-Natal. Doung  era a peça fundamental para acessarmos a “Africa” até então encoberta por uma fina camada "plástica",  que igualava Durban, ao nosso olhar estrangeiro,  a diversas outras cidades pelo mundo. Sem subestimar nossos anfitriões Vaungh Sadie e Greag Streak no trato com a cidade, mas o fato de serem brancos num pais que até poucos anos antes vivia o apartheid, não facilitava o acesso as áreas Zulus.  O Ranço do regime era ainda presente.


A pobreza vista  na township e seus muitos containers de metal transformandos em casas, que pontuavam a paisagem, contrastava duramente com paisagem de primeiro mundo que a estética vitoriana imprimia na cidade mais antiga e os novos mega condomínios que aos arredores dos shopping centers e campos de golfe da cidade.

 Henry Mshulolo e Owen Oppenheimer - Foto: Greg Strek

Mshulolo e sua família moravam numa casa de alvenaria com um grande quintal. Devidamente apresentados, passamos boa parte do tempo ouvindo e gravando em video suas histórias. Cadenciadas por sua voz pausada e grave, seus relatos revelavam um pouco mais do imaginário e cotidiano do povo Zulu.

Percebi  durante a conversa que ele não tirava os olhos da câmera de vídeo,  por gratidão resolvi enrtregar a ele a caixa preta para que ele pudesse experimentá-la.  Virei a tela da câmera para frente e entreguei a ele, de modo que ele pudesse ver a si mesmo. O Sorrisso dele ao se ver na tela era como o de uma criança abrindo presentes na manhã de natal. No mesmo instante uma música doce se ouvia do lado de fora, os filhos de Mshulolo cantavam a trilha sonora para o momento perfeito.

 Henry MshuloloFoto: Greg Strek


Prontos para deixarmos a pequena vila, entramos em Susi, modo carinhoso como o Doung Doung chamava seu fusquinha. Mshulolo seria nosso guia até a casa onde Gandi viveu em Durban.  Antes de entrar no carro o escultor exitou e voltou correndo pra sua casa. Trouxe três objetos em suas mãos, duas esculturas inacabadas, presenteadas a Doung e uma espécie de rabeca que me foi dada. A escultura/instrumento toda talhada em madeira, de beleza barroca é um dos meus tesouros prediletos.


O auto retrato de Henry Mshulolo e sua reação ao si ver dentro do dispositivo foi tão incrível que a vontade de  refazer experiência com outras pessoas  não sairia de minha cabeça pelo resto do dia.


Depois do jantar, voltamos a B&B - Bed and Breakfast - onde estavamos hospedados.  Pablo  mostrava as imagens que fez das crianças enquanto elas cantavam do lado de fora da casa. Num dos takes, as crianças disputavam entre si o espaço em frente a camera, buscando ver a si mesmas no monitor,  dizendo em Zulu,- Eu quero ver, eu quero ver!

A concidência não podia ser ignorada.

Crianças cantando - Fotos: Greg Strek

Propus o embrião conceitual do que se tornaria o vídeo "Artificio do Olhar". Dar as pessoas de Durban a possibilidade de ver a sí mesmas atráves da camera. Quebrando o mito de que a tela do video era algo inalcançável, destinado a poucos eleitos.

O Processo colaborativo levou alguns dias. Fechamos o conceito final, escolhemos os lugares, personagens e por fim as gravações.  Por um tempo pensava numa instalação com duas telas, uma exibia os auto-retratos feitos pelos personagens e outra com a paisagem onde eles estavam inseridos, feita por nós dois, Na volta ao Brasil, depois de muita convesas e outras muitas horas de ilha Pablo acabou por  me convencer pelo formato documentário.


Nas gravações, as reações das pessoas era bem diversificadas, mas uma constante interessante foi de como alguns entrevistados ao se verem na tela assumiam uma postura auto-confiate.  Ver a si mesmo num dispositivo até então inatingivel, transformava mesmo que por um isntante, a realidade daquelas pessoas.  Mas esse relato fica pra depois.

Joacélio Batista e Pablo Lobato / Artifícios do Olhar


655 from JOACELIO BATISTA on Vimeo.