terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Era uma vez uma estrela amarela sobre pano vermelho!





Hoje me perdi à caminho do trabalho. O andar sem rumo,  perdido geografica e mentalmente, abandonando caminhos rotineiros para explorar novos lugares é uma das coisas mais divertidas pra se fazer quando se está só, esperando os ponteiros do relógio correrem de um ponto ao outro. Errando, uma velha história me voltou a cabeça.

Fórum Social Mundial de 2005 em Porto Alegre. O evento já havia acabado e ainda tinhamos q esperar o outro dia pra voltar pra casa. Entre as os restos de barracas, discussões acaloradas, a deriva. Buscava lugares que não havia frequentado antes. Encontrei as tendas comerciais. Um amontoado de pessoas  me chamava a atenção. Curioso, fui averiguar o burburinho.

 Os delegados vietnamitas liquidavam o estoque, os cônicos chapeis de palha desapareceram rapidamente. Também havia as camisetas vermelhas com uma grande estrela amarela no centro. Para eles a bandeira nacional, para minha porção nerd,  o uniforme do super-héroi dos quadrinhos, Staman. Para a galera que estava no Forúm só pela azaração e ao me ver usando a camsisa dentro do onibus, a camisa do PT. 


A variedade de significados que um mesmo símbolo oferece, me levam a pensar a sobre poder simbolico das cores e formas. Rica em significados para paises comunistas, a estrala amarela sobre o fundo vermelho eram hostentadas por um super-heroi americano, Starman,  Criado em 1941. Como o personagem conseguiu passar sem arranhões pelo McCartismo e o Comic Code Authority.? Código super rigoroso criado na  década de 50 nos EUA que forçou as próprias editorasa criarem sua própria autocesura para para não atrapalhar os negocios, diante do clamor moralista instaurado pelo psiquiatra Frederic Wertham, em seu polêmico livro: "Seduction of the Innocent". 






 "Como diria o outro": "- As vezes um cachimbo é só um cachimbo".


Símbolos e cores a parte, ficam apenas a imagem e nada mais ilustrativo e por que não dizer, sem segundas intenções, que um personagem chamado "homem estrela" levasse a "estrela" no peito.


Mais ou menos na mesma época do Forum de Porto Alegre rolava "um boato"  em Belo Horizonte, a impressa mineira era censurada pelo governo Aécio Neves. Imagens favoraveis aos partidos adiversários e notícias ruins que estragassem a imagem do governador não teriam espaço algum a mídia mineira.


 Há 4 anos atrás, fui Convidado a dar uma entrevista ao programa "Agenda" da Rede Minas sobre meu trabalho que estava na sessão Cinema de Garagem da Mostra de Cinema Internacional - INDIE. Pra testar a veracidade do boato, me aventurarei numa ação. Apostando na mesma ingenuidade que levou pessoas menos informadas a acharem que a tal camiseta era a camisa do PT, será que a tal censura vigente no estado barraria minha imagem por achar que era do partido adiverssário? Vale lembrar que estrela do Partido dos Trabalhadores e vermelha, com as letras "PT" em preto ao centro sobre o fundo branco. Munciado da camiseta enfrentei a entrevista. No resto da semana acompanhei os programas  do canal estatal e só meu amigo e companheiro de entrevista Alex Queiroz aparecia nas matérias.


Um ano depois na ocasião do evento "pintura além da pintura" do CEIA, tive a chance de repetir o experimento. Fui convidado a falar da co-curadoria de filmes feita pro evento. Vestido de vermelho, falei dos intercessões entre Pintura e o Cinema. Acompanhei todos os programas procurando pela matéria do evento, todo mundo que deu entrevista estavam lá. Novamente, eu e minha camiseta estavamos de fora.




Recentemente na apresentação dos selecionados da Bolsa Pampulha a camiseta estampou a primeira página do caderno de cultura de outro veículo sempre contestado na questão da censura (foto acima). Dessa vez a camiseta veio a público. Reconheço que a relavancia do projeto Bolsa Pampulha e a importância do Museu, são o suficiente pra o aval necessário publicação da foto. Mas, coincidência ou não, o governador entregou seu mandato a menos de dois meses antes da publicação da foto.