Esperávamos ansiosos o começo de Bolívia te Extraño, era a primeira exibição publica do vídeo feito por mim e Dellani Lima, a grande tenda montada para a exibição na 12ª Mostra de Festival de Tiradentes estava tomada. O vídeo que precedeu o nosso, "Assim que chegue o fresco o dia e declinem as sombras" (Simone Cortezão, 2008) terminou e para desespero do "Tuca", como Dellani gosta de ser chamado pelos amigos, entrou em desepero. O projeconista não notou que o "frame" congelado servia de "Claket" do trabalho e o exibiu junto. Por outro lado observei curioso que ninguém na sessão, havia percebido o ocorrido, como um erro, e disse: "Tuca, presta atenção! Ninguém sacou o erro. Se bobear amanhã vai ter critico comentando isso na internet, como algo experimental". Logo depois o Trem da Morte boliviano invadiu a sala deixando meu amigo mais tranqüilo.
Por essas "coincidências de curadoria", o vídeo que veio a seguir também foi do meu amigo, " K.O", e novamente o projecionista "incorpora" a imagem congelada, ou a claket ao modo Tuca, ao vídeo. Mais uma vez tive que segurar o sujeito em sua cadeira, Já que o erro estava consumado, não havia mais o que fazer pra resolver o malentendido.
Dellani Lima / K.O.
O final abrupto de Bolívia te Extraño colaborou e muito para que a platéia não percebesse o ocorrido. Final esse, que em outros festivais, criou o hábito, digamos, de "roubar" videos alheios que tinha a má sorte de vir a seguir nas programações dos festivais em que participou. Dellani conta que em um desses festivais, um diretor desesperado percebendo que a platéia não aplaudiu o fim de nosso trabalho e que o mesmo havia incorporado o seu próprio, começou a gritar dentro da sala escura. "Pessoal o outro filme terminou, Já começou o outro!!" Pra nossa surpresa, o fato se repetiu em todas as sessões onde, ninguém conhecia o nosso vídeo préviamente.
Pra fechar o "causo do "frame falso". Passada a noite e os ocorridos, na manhã seguinte busquei na internet a já esperada e tradicional crítica dos vídeos exibidos na noite anterior. A mesma segue abaixo:
Bolívia te Extraño
O primeiro filme de Dellani Lima apresentado na série recolhe imagens de uma trajetória pela Bolívia e investiga as texturas possíveis de som, luz e movimento nesse percurso. A música típica do charango, a hiperalvidez do famoso “deserto de sal” e, de especial efeito, o balé de cores e saias em momento peculiar do filme são exemplos distintos dessa estratégia.
O interessante é que ele se inicia com uma fotografia em contra-plongéede umas crianças em cima de uma armação de madeira e finaliza com o que parece ser uma derrapada dos carros durante a viagem pelo deserto, terminando com nova fotografia: a de uma singela borboleta.
Dellani Lima e Joacélio Batista / bolivia te extraño